Sinto sua falta. Quando eu acordo de manhã as 6:11 e procuro
o celular pela cama, tateando o lençol e empurrando os travesseiros meio pro
lado. Olho esperançosa para a tela do celular, achando que encontrarei algum sinal seu. Nenhum. E aí, eu sinto sua
falta.
Lembro de você, vez ou outra, enquanto ando distraída pelos
cantos, esbarro em alguém, derrubo um pouquinho de café na calça e corro até o
banheiro pra passar um lencinho com água. Passou. Lembro de você de novo,
quando a mancha seca e fica e muda de cor.
Esqueço. Leio algumas páginas do livro que eu tirei da
instante na noite anterior, espero alguém chegar e sentar ao meu lado pra
conversar. Papeio. Rio. Sorrio. E vai passando. E daí me lembro da mancha de
café na calça e passo o dedo em cima, como se alguém notasse que ela está ali,
mas ninguém nota, ninguém repara.
E conversa vai, conversa vem, penso em você. Passa. Resolvo alguma
coisa, meu celular vibra, alertando alguma mensagem, eu olho rápido, sem
esperanças, apago. Não é você. Como eu queria que fosse. Como eu queria saber
se você também sente minha falta, se você não respondeu minha última mensagem
por orgulho.
Nossa! Como eu sinto sua falta. Cruzo os braços por sob a
cabeça e olho para o teto. Lembro-me
daquela vez em que você me disse que, um dia, ficaríamos juntos pra valer e
sorrio. Se ao menos fosse verdade. Se ao menos você estivesse comigo agora.
Pego o telefone. Olho suas fotos pela milésima vez. Confiro se algo em você
mudou. Não. Você está igual ao último dia em que nos vimos. E aí eu lembro que
te tive por algumas horas e depois acabou. Simplesmente acabou. E você me
deixou aqui pra sentir sua falta.
23:47. Vou dormir, fazendo, mais uma vez, a promessa que não
sentirei sua falta ou pelo menos boa parte dela logo pela manhã. Mas me pego
segurando o celular no meio da noite e desisto. Uma hora vai passar, mas agora
não.