quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Depois do Café.


Às vezes, o que você mais precisa é escutar outra pessoa narrar suas próprias vivências para que você se toque o quão perto do fundo do poço você está.

Mais cedo eu estava tomando café da manhã com uma pessoa que me relatou a dificuldade que tinha de se manter longe do telefone e ligar para outro certo alguém em determinadas horas do dia, por pura carência. Falou que era tão difícil que, muitas vezes, ela acabava cedendo aos desejos involuntários e que depois se sentia ótima por isso e péssima por não ter se segurado um pouco mais. Essa mesma pessoa contou que das vezes que ligou quase que 98% das chamadas iam parar na caixa postal e que, mesmo depois disso, a sua vontade não se esvaia. 

Pensei: “Não, isso não está acontecendo comigo!”.

Repensei: “É diferente lógico, eu nunca liguei pra ele sem necessidade alguma, não mandei mensagens por mandar, não falei com ele no MSN simplesmente por querer falar, pelo contrário, se liguei foi por que tinha alguma coisa importante pra perguntar, se mandei mensagens foi respondendo as que ele me mandou e se falei com ele no MSN foi porque tinha que avisar sobre algo que o interessava.”

Indaguei-me: “Mas quantas vezes eu lutei contra a vontade de ligar simplesmente por que senti saudades da sua voz rouca? Quantas vezes eu não me peguei digitando mentalmente uma mensagem que falava sobre minha vontade de vê-lo só mais alguns minutos durante aquele dia? Quantas e quantas vezes esperei que a janela do bate-papo se abrisse com algo que ele escreveu para mim num desses momentos de ócio a fim de passarmos pelo menos algum minutos conversando?”

Indaguei-me novamente, agora, temendo os meus próprios pensamentos: “E se eu não liguei por medo de isso se tornar algo que fugisse ao meu controle ou por medo de ele não querer me atender na maioria das vezes que eu discasse seu número? E se eu não mandei as mensagens que quis mandar por medo de que ele não as retornasse com o mesmo carinho que depositaria em cada palavra que eu ali escrevesse? Se não iniciei uma conversa descontraída com ele no MSN por receio de ele não estar a fim de bater um papo comigo? Então, como eu fico? Se eu penso nele quase que durante todo o meu dia e deixo que isso me consuma por completo?”

Ela me falou depois que muitas pessoas a chamavam de “besta” por ela simplesmente ceder aos seus impulsos e ligar para uma pessoa que não se importava com ela ao ponto de não atender a uma chamada sua durante uma tarde de domingo e ela rebateu dizendo: “ Se eu estou com vontade, que se dane!”

Voltei a pensar: “Que cara eu tenho de dizer que ela estar errada por pensar assim? Meu lema até ontem era, não deixe de fazer o que você quer fazer, a vida é muito curta pra isso. Cá estou eu, insegura e medindo meus atos. Pobre tola, vencida por tão pouco”.

Concluí, então, que eu só precisava de um empurrãozinho para me tocar de que não posso ir mais fundo. Eu não estava chegando ao fim do poço, eu já estou nele, Deus sabe desde quando.

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