quarta-feira, 7 de março de 2012

Eu sei que você vai ler.


Eu o conheci há muito tempo. Anos. Muitos anos. E eu me apaixonei por ele desde que o vi a primeira vez. Eu posso até descrever como ele estava vestido e relatar o que ele fazia quando eu bati meus olhos nele, mas isso não importa. O que importa é que ele me tratou como igual, apesar da minha idade, apesar das bobagens que eu falava na época, das brincadeiras de criança, do sorriso bobo quando eu olhava pra ele. Ele me tratou como se estivesse tão apaixonado ou tão admirado quanto eu estava por ele, apesar de eu saber que ele não sentia nada por mim e nem poderia, por que não faria o menor sentido.  Foi a primeira vez que meus lábios tocaram os de um garoto e eu lembro exatamente como foi. Singelo, essa é a palavra. E pode até parecer baboseira romântica, mas aposto que vc já sentiu o que eu estava sentido quando eu toquei, mesmo que por uma fração de segundos, a minha boca na dele, rosada de pirulito.

Anos depois, a gente se encontrou novamente. A adolescência fez com que eu o enxergasse de maneira diferente e notasse os seus defeitos de garoto. Piadas rudes e sem graça, modo grosso de falar. Passou.

Ensino Médio. Mais uma vez nos esbarramos. Ele estava mais alto, jeito de homem. 5 anos mais velho que eu. Envergonhada desmanchei a trança do cabelo. Eu ainda era uma menina, na verdade ainda sou. Não importa se aparento ser alguns anos mais velha. Conversamos conversa de adulto, fizemos piadas sobre aqueles anos que ficaram pra trás, rimos das bobagens que aprontamos juntos e nos beijamos, dessa vez como tinha que ser e sabendo da dimensão que teve tudo aquilo e como aquilo tudo poderia ser, mas não foi.

Engraçado. Passei meses e meses com a imagem dele na minha cabeça, reconhecendo o seu perfume  aonde quer que eu fosse, lembrando de como tudo foi bom, falando sobre ele até para o vento. Enquanto ele vivia a sua  adolescencia, ficando com mulheres mais velha e namorando  garotas muito mais bonitas que eu... Hoje, simplesmente, não penso mais nele como antes, nem lembro seu perfume. Hoje ele sente minha falta, mas eu já senti tanta falta dele que acabou.

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